Tudo o que precisam de saber sobre as cólicas
Muitas vezes, os pais pensam nas cólicas como dores abdominais associadas à presença de gases no intestino – afinal de contas isto é o que significa para nós ter uma cólica, certo? Mas a cólica do lactente é um termo muito mais amplo, usado para definir quadros de choro intenso prolongados sem motivo aparente, não é de todo uma dor de barriga.
O bebé tem um ou dois meses. Foi alimentado, arrotou alto, a fralda foi trocada, fez um bom cocó de manhã, está há horas no colinho e mesmo assim chora até mandar a casa abaixo? É bem possível que sofra de cólicas, mas não de dores de barriga. Ok, mas e então porque é que lhes chamamos cólicas?! É uma ótima questão. Coincidência ou não, muitas vezes o bebé acalma depois de conseguir arrotar, eliminar fezes ou gases acumulados, e então passou-se a assumir que o bebé teria dores abdominais (o que pode ser ou não verdade). Ainda não se chegou a um consenso sobre a causa destes episódios de choro intenso, mas o motivo em que mais se acredita é a hiperestimulação do bebé, ou seja, o bebé recebeu demasiados estímulos intensos e é a sua forma de expressar que atingiu a exaustão. Digamos que o nome “cólica” não foi nada bem escolhido! 💩
“Como podemos saber se é mesmo uma cólica?”
O choro da cólica é diferente do choro de sono e de fome. É extremamente agudo, o bebé grita como se estivesse em sofrimento, o que é extremamente angustiante para os pais que muitas vezes não sabem o que fazer para o consolar. Por definição, as cólicas infantis ocorrem em bebés saudáveis. Se a causa do choro for derivada de uma patologia, aí já não podemos dizer que o bebé tem cólica – no caso de dúvida, é essencial uma avaliação por parte do pediatra, para excluir a hipótese de o choro ser derivado de algum problema mais sério – principalmente se os episódios de choro vão para lá dos 6 meses.
“Se é só cansaço e excesso de estímulo, porque é que o chora tão alto e parece estar em sofrimento?”
O sistema nervoso de um bebé recém-nascido (mesmo que seja um bebé de termo) está ainda imaturo e frágil. Durante a gestação este num sítio escuro, quentinho, apertadinho e muito, muito tranquilo. De repente, assim que nasce, está sujeito a imensos estímulos diferentes: imagens, diferenças de temperatura, sons, barulhos, cores, sabores, cheiros, vozes, toques, colos, etc etc etc. É muito intenso para eles. Chorar é a única maneira de descarregar todo o stress acumulado ao longo do dia, é assim que expressam que está a ser demasiado para eles.
“Se é provável que não seja uma dor de barriga, como podemos então ajudar o nosso bebé?”
- Diminuir estímulos como a luz e o barulho (despachem as visitas se for necessário!),
- Dar muito colinho. Ignorem o “vai ficar mal-habituado”, tal coisa não existe, os bebés são demasiado pequeninos para criarem maus hábitos e precisam muito, mas muito, do vosso colinho. É onde se sentem seguros. Se estiverem exaustos, o babywearing é fantástico.
- Uma boa massagem diária, a antecipar os momentos de choro intenso. Mas atenção, nunca se massaja o bebé em momentos de dor, porque só vai piorar o desconforto (é mais um estímulo!).
- Ajudar o bebé a libertar gases e a fazer cocó podem ser, como já vimos, medidas que podem aliviar.
- Se o movimento o acalmar, levem-no num passeio.
- Se a contenção física o acalmar, faça um swaddle bem justinho.
- Coloque white noise a tocar no telemóvel (ou ligue o secador do cabelo perto do bebé, é semelhante).
- Probióticos (ex: BioGaia) podem ser eficazes, mas devem ser aconselhados pelo pediatra.
- Medicamentos para alívio da cólica (ex:Aero-OM/ Infacol) acalmam o bebé por serem doces, ainda hoje não têm eficácia comprovada.
A SOLUÇÃO MAIS COMPROVADA ATÉ HOJE:
Estudos recentes comprovaram uma redução de 33 a 76 minutos de choro por dia através da implementação de técnicas de massagem infantil. Este momento mágico de tocar o bebé é um verdadeiro agente de prevenção: não trata os momentos de cólica, evita que aconteçam. Para isso, é importante perceber qual o momento ideal para massajar o bebé dentro da vossa rotina familiar (que nem sempre coincide com o banho), interpretar os sinais e respostas do bebé (se está ou não receptivo, para não piorar o desconforto) e quais as técnicas mais eficazes.
Como a Little Humans tem como objetivo dar ferramentas aos pais que vão de encontro às suas reais necessidades, apostei numa certificação em massagem infantil e terei todo o gosto em ajudar-vos a relaxar o vosso bebé. Porque, eu bem sei, para pais exaustos todos os minutos de descanso contam!
Referências:
Sheidaei A, Abadi A, Zayeri F, Nahidi F, Gazerani N, Mansouri A. The effectiveness of massage therapy in the treatment of infantile colic symptoms: A randomized controlled trial. Med J Islam Repub Iran. 2016;30:351. Published 2016 Apr 9.
Ellwood J, Draper-Rodi J, Carnes DComparison of common interventions for the treatment of infantile colic: a systematic review of reviews and guidelinesBMJ Open 2020;10:e035405. doi: 10.1136/bmjopen-2019-035405
Biagioli E, Tarasco V, Lingua C, Moja L, Savino F. Pain-relieving agents for infantile colic. Cochrane Database of Systematic Reviews 2016, Issue 9. Art. No.: CD009999. DOI: 10.1002/14651858.CD009999.pub2