O plano de parto é um documento criado pela grávida e/ou casal que define as suas preferências em relação ao que acontece desde o momento que entra em trabalho de parte até que tem alta – em relação à mãe e ao bebé. Não é obrigatório ter um plano de parto, mas escrever um ajuda-vos a pensar no que preferiam que acontecesse perante os diferentes cenários de parto possíveis – daí a nossa recomendação de ser elaborado apenas depois de ter frequentado aulas de preparação para o parto, para que tenham toda a informação de que necessitam como base. Serve também para encorajar conversas entre o casal, para confirmar que ambos estão “na mesma página” e que o acompanhante conhece bem as preferências da mulher assim como a pode apoiar quando o momento chegar.

Discutir o vosso plano de parto com um enfermeiro especialista em saúde materna e/ou médico obstetra a partir das 30 semanas de gravidez é fortemente recomendado, porque permite-vos esclarecer dúvidas e gerir expectativas de forma a garantir que as vossas escolhas foram feitas de forma informada (riscos e benefícios explicados) e são sensatas. É igualmente importante que compreendam que um plano é um plano – é impossível prever o que vai acontecer antes, durante e após o nascimento do vosso bebé.

O plano de parto deve ser impresso, acompanhar o vosso boletim de grávida e ser entregue ao vosso médico/enfermeiro na admissão. É importante que esteja bem visível, que seja muito objetivo e de leitura rápida, para o caso de entrarem de emergência.

A equipa médica não é obrigada a seguir o vosso plano de parto à risca, mas é obrigada a fazer-vos sentir respeitadas pelas vossas escolhas, mesmo quando as mesmas não são possíveis – quando não forem, o motivo deve ser explicado. A legislação portuguesa é muito clara neste vosso direito enquanto parturientes.

Algumas grávidas nunca chegam a elaborar o plano de parto porque ou não sabem que existe ou porque têm receio de parecer “mandonas”. Mas é preciso desconstruir este complexo e tornar os planos de parto normais, porque só assim as mães deixarão de ser julgadas. Quando todas aparecermos com um plano de parto, os profissionais de saúde deixam de ficar surpreendidos e qualquer dia o estranho é não ter um (a torcer muito para que esse dia chegue!).

Referências:
Associação Portuguesa Pelos Direitos da Mulher na Gravidez e Parto. “Reflexão sobre o trabalho de parto e Parto: construção de um plano de preferências de parto”. Fevereiro 2017. Disponível em: https://associacaogravidezeparto.pt/wp-content/uploads/2016/08/Reflex%C3%A3o-para-a-constru%C3%A7%C3%A3o-do-plano-de-parto-introducao.pdf
Assembleia da República Diário da República n.º 172/2019, Série I de 2019-09-09. Disponível em:
https://data.dre.pt/eli/lei/110/2019/09/09/p/dre
WHO recommendations: intrapartum care for a positive childbirth experience. Guidelines. Janeiro 2018. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9789241550215